quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

UM VISITANTE ILUSTRE NA REPRESA DE GUARAPIRANGA

Voltei recentemente de uma viagem pelo norte do Brasil e assim que me conectei na internet, uma pessoa da região onde moro me ligou dizendo que havia visto recentemente um cabeça-seca (Mycteria americana) na represa do Guarapiranga. Como de costume, anotei as informações e no dia seguinte peguei meu caiaque e saí atrás do bicho, pois dificilmente alguém confundiria um cabeça-seca com uma garça qualquer.

domingo, 3 de dezembro de 2006

AVES NAS ALTURAS

Nos dias 25 e 26 de novembro, resolvemos, a despeito das previsões de chuva, subir mais 1000 metros de altitude, para tentarmos ver algumas das interessantes espécies de aves dos Campos do Jordão. Felizmente a previsão não foi tão precisa para aquelas paragens. Perdemos o início de uma manhã, mas no resto do tempo pudemos percorrer algumas trilhas do parque e a estrada de terra que vai para Guaratinguetá, onde fomos muito recompensados. Já no entorno da pousada, dentro do parque, nos deparamos com esse Myiarchus, que nos ocupou algum tempo, tentando ver nele detalhes de sua identidade específica.




















domingo, 26 de novembro de 2006

Aves da Mata Atlântica

Repassamos a todos os interessados pelas aves e pela biodiversidade brasileira o convite para o lançamento do livro "Aves da Mata Atlântica", com fotos de Edson Endrigo, a realizar-se no dia 7 de dezembro de 2006, às 19:30 horas, na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, Av. Nações Unidas 4777 (ao lado do Parque Villa Lobos). Na oportunidade o autor realizará uma palestra sobre o livro e autografará a obra.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Feriado Finados 2006/ ITEREI

Aves estão nos ninhos ou os fazendo! Mesmo assim, avistei um beija-flor filhotinho, bem cansado de voar e pouco cauteloso, descansando sempre no chão, aquele comum preto de asas esverdeadas.
O Noé voltou e continua colecionando suas sementes neste verão, gosta especialmente das redondinhas e as deixa sempre no mesmo janelão do morro grande, que vem utilizando nestes últimos 4 anos! ( tenho guardado as sementes para futuros estudos!).

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Passarinhando no Zizo

Aproveitando o feriadão fomos até o parque do Zizo passar alguns dias. Foi uma excursão espetacular, com diversas novas espécies observadas. A lista final ainda está sendo elaborada, mas alguns participantes avistaram até 5 "primus" – expressão escolhida para designar uma espécie avistada pela primeira vez na vida, (lifer) por um observador. Além disso diversos novos registros para a área foram feitos e em breve uma lista atualizada será publicada.


domingo, 29 de outubro de 2006

"Todas as Aves de Ubatuba"

É surpreendente o check-list de aves do município de Ubatuba, organizado por Carlos Rizzo, totalizando 476 espécies. Ubatuba é certamente uma fortíssima candidata ao município recordista em espécies de aves neste estado.

Recentente a June filmou em Ubatuba o que tudo indica ser a fêmea de Tangara preciosa, que seria então a quadragésima septuagésima sétima espécie para o município. Pedimos a colaboração de todos na confirmação dessa identificação e, principalmente, em sua diferenciação, caso possível pela qualidade do quadro de filme, de Tangara peruviana.

domingo, 22 de outubro de 2006

"Berços da Vida" no Vale do Ribeira

Aproveitamos o feriadão de Nossa Senhora para trilharmos alguns caminhos famosos, ornitologicamente falando, do Vale do Ribeira, até o PETAR. Por ser época de reprodução, tivemos oportunidade de ver e documentar algumas interessantes cenas dos "berços da vida".

Um congestionamento na Régis Bittencourt nos fez optar por uma parada para o almoço num clube de campo às margens da represa do França, onde pudemos presenciar, numa feliz casualidade, a eclosão de um filhote de chopim, Molothrus bonariensis, num ninho de tico-tico, Zonotrichia capensis.











Ninho de tico-tico numa touceira de citronela. No primeiro plano, um ovo do tico que, certamente, a chopinha jogou para fora.












A tica esperou pacientemente, a pouca distância de nós, talvez com a
mesma paciência com que espera seu ninho ser desocupado pela chopinha, que terminássemos nosso trabalho cinematográfico.











O chopinzinho esforçando-se para afastar as duas partes da casca do ovo. Quando ali voltamos, uns 30 minutos após, a tica já havia retirado do ninhoessas cascas de ovo.

Nesse mesmo local pudemos presenciar outros dois interessantes "berços da vida". Na terra praticamente nua da margem da represa, apenas recoberta com alguns gravetos e folhas secas, um ninho de quero-quero, Vanellus chilensis, com quatro ovos, filmado e fotografado sob os
enérgicos protestos de seus legítimos donos.




















O Sr. (ou Sra.?) quero-quero, ameaçando o fotógrafo com seus esporões.

E, sobre uma parede da entrada do sanitário de um galpão usado como salão de festas, o ninho do sabiá-barranco, Turdus leucomelas. Na base do ninho, onde a ave usou alguns materiais vegetais ainda vivos, umas plantinhas ainda vicejavam.










Na estrada de Juquiá a Sete-Barras, resolvemos entrar por uma estrada de terra colateral, no sentido da serra, por pura curiosidade e foi muito providencial essa escolha, pois fomos muito bem recebidos pelo Sr. José, proprietário de um laticínio de leite de búfalas. Na varanda da casa dele pudemos observar um ninho do andorinhão-tesoura, Panyptila cayennesis. Vimos a ave entrando e saindo do ninho, e voando em direção à mata, um tanto distante dali. Segundo o Sr. José a ave reutilizava o ninho anos seguidos, fazendo, quando necessária, uma pequena reforma em sua borda inferior.












Neste mesmo teto de varanda, uma corruíra, Troglodytes musculus, fez o ninho sobre uma luminária. Por conta disto, disse-nos o Sr. José, essa lâmpada teve que permanecer sem ser acesa. Não foi também a primeira vez que isso aconteceu e da outra vez o Sr. José aguardou a ave abandonar o ninho para fazer uma boa limpeza na luminária antes de acender a lâmpada.























A corruíra, com um aracnídeo no bico, para trazer para a prole.

Também nessa localidade, observamos uma inusitada concentração de sete espécies de

andorinhas: andorinha-do-rio, Tachycineta albiventer, andorinha-do-campo, Progne tapera, andorinha-doméstica-grande, Progne chalybea, andorinha-pequena-de-casa, Pygochelidon cyanoleuca, andorinha-serradora, Stelgidopteryx ruficollis, andorinha-de-bando, Hirudo rustica e andorinha-de-dorso-acanelado, Petrochelidon pyrrhonota! Será um novo recorde?

Logo no início da estrada Sete Barras - Eldorado, uma parada na beira de um banhado e uma grata surpresa: alguns frangos-d'água-azuis, Porphyrio martinica, de extrema mansidão, vinham à beira da água, no quintal de uma casa, comer restos de comida ali deixados para eles pelos moradores. Um desses chegou a seguir o morador, quando esse foi ao local com a vasilha de
comida.











Mais à frente, nova parada para observar e fotografar o tiê-tinga, Cissopis leverianus, elegantemente pousado num pendão.










No PETAR visitamos a Caverna do Diabo, onde nosso interessado guia nos revelou que no final do ano ali entram andorinhões (provavelmente o andorinhão-de-coleira, Streptoprocne zonaris), para nidificar. Também nos ensinou alguns nomes locais para as aves, como o "pretão"
atribuído ao ferro-velho, Euphonia pectoralis.












Juntos com nosso guia, numa dos salões da caverna.

No entorno da entrada da Caverna do Diabo ainda vimos, entre outras, o capitão-de-saíra, Attila rufus e o surucuá-grande-de-barriga-amarela, Trogon viridis.






















Visitamos também o núcleo Santana do PETAR, já na subida da serra, onde, no último minuto, ainda paramos para assistir a um belo recital da araponga, Procnias nudicollis, sem dúvida uma fortíssima candidata ao título de "Voz do PETAR".












Fotos: Gilberto Lima

sábado, 14 de outubro de 2006

Turdus rufiventris arlequim



Nem todos conseguimos viajar nesse feriadão. Mas nem por isso deixamos de fazer importantes registros ornitológicos. A June me ligou para contar de um sabiá albino que estava aparecendo no Alto de Pinheiros, lá fomos nós, nesse sábado de feriado. Caminhamos por mais de uma hora, ao final da tarde, aproveitando para fazer o Censo do Sabiá contamos 33 espécimes. Mas bem no finzinho da tarde ele apareceu. Pousou num telhado, se escondeu no escuro das folhas da pitangueira. Finalmente saiu para a foto. Vocalizou e pudemos confirmar a identificação. Sabiá-Laranjeira com um albinismo parcial em suas penas, na verdade o nome correto disso seria arlequinismo, sabiá arlequim. Segundo depoimentos seria uma fêmea com um filhote normal.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Papagaios cidadãos

A Sulamita e Fábio Schunck estão monitorando alguns papagaios (Amazona aestiva) em plena área urbana na cidade de São Paulo. Que bom que essas aves estão vivendo por aqui em harmonia com as pessoas, sem serem por elas importunados (com excessão do Fábio e Sulamit, que estão lá besbilhotando!). Esperamos que continue assim.


















segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Aves e chuva na Fazenda Guaxinduva

Apesar do ter amanhecido bem chuvoso, o que até me fez desistir de ir, o Gilberto, Adilson e Ricardo visitaram a Fazenda Guaxinduva, no extremo oeste da Serra do Japi. O Gilberto me passou algumas fotos, que mostram que a excursão foi proveitosa, apesar do aguaceiro.

As três garças "brancas" estavam lá presentes:

Garça-branca-grande, Ardea alba

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

Aves no Tietê, Beija-flores e Arte em Mogi-das-Cruzes

Carão, Aramus guarauna.
Dia 24 de setembro estivemos no Parque Ecológico do Tietê, onde, a despeito de ter sido uma manhã nublada, observamos, no transecto habitual, 77 espécies de aves! Sem dúvida o PE Tietê é o melhor lugar na cidade de São Paulo para ver diversas aves ribeirinhas.

Para quem não conhece, também um bom lugar para ver de perto e distinguir as duas lavadeiras-mascaradas, a "verdadeira" e a de-cara-branca. Também anatídeos menos comuns por aqui, como a marreca-toicinho, Anas bahamensis.

Alguns maçaricos, muito tímidos, podem ser vistos lá a uma boa distância, já que a gente fica meio escondido atrás da vegetação que orla a estrada à beira dos bancos de areia do rio Tietê. Surpreendeu-nos um bando de carretões, Agelasticus cyanopus, na parte baixa de uma vegetação arbórea ao lado de um dos lagos, por ser ave sempre vista no meio do taboal ou capinzais.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Mini-curso de Introdução à Prática de Observação de Aves

O resultado do nosso primeiro mini-curso foi um sucesso em todos os sentidos. Tivemos participantes dos estados de Alagoas e Pernambuco. A maioria eram alunos de Biologia, porém tivemos também a participação de um advogado, um turismólogo, uma bióloga e outras pessoas com o intuito apenas de aprender as técnicas de se observar aves, e como identificá-las.


O mini-curso foi realizado nos dias 16 e 17 de setembro, no Parque Estadual de Dois Irmãos (onde se localiza o zoológico do Recife).


No primeiro dia foi realizada a aula teórica, onde foram abordados temas como a história da Ornitologia no Brasil, as metodologias aplicadas na observação de aves, a etnoornitologia, as contribuições da OAP para a Ornitologia brasileira, etc. 

As espécies mais comuns e os cantos de algumas espécies foram mostradas no final da aula.



No dia seguinte, os observadores tiveram a prática de campo, onde em primeiro plano, foram feitas apenas observações diretas. Depois do contato visual, partimos para o contato auditivo, onde percorremos diversas trilhas no Parque Dois Irmãos, que é uma reserva de Floresta Atlântica. Daí, os alunos viram a importância em se conhecer as vozes das aves em ambientes florestais.

Muitos dos participantes ficaram bastante felizes ao ver espécies como o soldadinho (Pipra rubrocapilla), o dançarino (Chiroxiphia pareola), a rendeira (Manacus manacus) e o pica-pau-de-asa-vermelha (Veniliornis affinis).


Conseguimos com este curso, obter resultados valiosos, que foi o de incorporar nas pessoas o prazer em se observar as aves na natureza, e esperamos poder futuramente, realizar mais eventos deste porte.

Glauco Pereira
Observadores de Aves de Pernambuco

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Bichos esquisitos no jardim das aves

Além das aves, alguns outros bichos frequentam o jardim da June, como essa lagarta de alguma mariposa ou borboleta. Alguém sabe que espécie é essa?

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Hora do banho

A June pediu-me para postar no Blog essa bela foto de um sabiá-laranjeira, Turdus rufiventris, que ela, indiscretamente, flagrou na hora do banho, na banheira que tem em seu jardim!

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Onças e marias-leque na Casa de Pedra

Um dos lagos artificiais
Visitamos a Casa de Pedra, uma propriedade em processo de desapropriação para integrar-se ao PETAR – Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, no núcleo do Areado.

Área aberta
O proprietário utilizou a área durante certo tempo para algumas atividades econômicas, como a piscicultura e a produção de pêssegos. 

Por esse motivo foram construídos diversos lagos artificiais. E

ste histórico deu à área uma fisionomia bem variada, com alguns capinzais, capoeiras, matas em estágios diversos de regeneração, brejos em lagoas assoreadas. Isto propiciou a presença ali de diversas espécies de aves invasoras, próprias de espaços abertos.

Após uma caminhada por alguma das antigas estradas da fazenda, alcança-se a mata primária.

Detectamos em torno de 110 espécies de aves, algumas ainda em fase de identificação com base em vozes gravadas. 

Yara
Tivemos diversos contatos com a maria-leque-do-sudeste, Onychorhynchus swainsoni, que parece ser moradora habitual de uma área próxima de um curso d’água. Discreta e tímida, não quis mostrar seu leque para a tele de 600 mm do Guto.

Yara, um dos membros da família dos proprietários da área, demonstra grande amor pela Casa de Pedra, certamente pela historia familiar que ela representa, mas também por ser grande admiradora da natureza.


Numa de nossas andanças, contamos com a companhia do Juca, antigo morador local, grande conhecedor das plantas e bichos do lugar e com um extraordinário senso de localização dentro da mata, um GPS de carne e osso!

Juca
Com o Juca, seu filho Rodrigo com o guarda-parque Pedro Bandeira, tivemos produtivas conversas, da qual obtivemos algumas novas denominações populares para aves do lugar, ocorrências de algumas espécies e, nos momentos de descontração, ouvimos algumas preciosas anedotas, sempre referentes a caçadores.
Rodrigo

O Rodrigo mostrou um grande conhecimento das aves dali e um grande interesse em aprofundar esse conhecimento. 

Deslumbrou-se com o “Deodato”, cujas páginas folheou uma a uma. Certamente nunca tinha visto um guia de campo. 

Também com o recurso indispensável do binóculo, para uma observação de detalhes de aves no campo. Yara pretende instrumentalizar esse rapaz para que venha a ser um futuro guia ornitológico.
Hora do descanso

De fato, quantos jovens como Rodrigo devem existir por aí, com um grande interesse e potencial para observar aves, faltando a eles apenas essa pequena ajuda inicial: um binóculo, um guia de campo e a disposição de vez por outra dar uma orientação de como prosseguir com o aprendizado de campo. 

Tivemos então, nas conversas da hora de descanso, a idéia de criar um programa visando fornecer a esses jovens, equipamentos mínimos e acompanhamento, visando estimulá-los e ajudá-los a se iniciarem como observadores de aves.











Visitamos uma área de grande beleza, próxima do Morro do Cachorro, onde a mata se mostra com toda sua exuberância.



Não vimos a onça, que sabemos frequenta a Casa de Pedra, mas vimos e fotografamos seu ipso facto, a prova material de sua presença.

Texto: Luiz Fernando Figueiredo
Fotos: Yara Pesek

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Nova espécie de ave descoberta na Índia

Nova Délhi, 12 set (EFE).- Uma nova espécie de pássaro, o "Bugun liocichla", foi descoberta no estado de Arunachal Pradesh, no nordeste da Índia,informou hoje a imprensa local indiana.

O jornal "The Hindu" explica que a população da ave, localizada na reserva de Eaglenest, seja de apenas 14 exemplares, entre eles pelo menos três casais.

A plumagem desta ave tem diferentes tons de verde-oliva, com uma camada negra e círculos amarelos ao redor dos olhos. Suas asas têm manchas amarelas, vermelhas, pretas e brancas, e a parte baixa de sua cauda tem marcas vermelhas.


O ornitólogo Ramana Athreya, membro da Sociedade de Mumbai de História Natural, batizou o pássaro com o nome de uma das tribos do estado, a Bugun.

Segundo outro ornitólogo, Aasheesh Pittie, editor do livro "Birds of India", "a descoberta de um novo pássaro é muito especial, mas quando se trata de uma espécie tão bela e sem familiares geograficamente próximos, em uma parte do mundo onde os ornitólogos estão há mais de um século observando as aves, isso é quase um milagre".

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Estivemos em Itereí

Saíra-militar.
Estivemos em Itereí, no município de Miracatu. Uma propriedade em meio à mata atlântica, no ponto em que a rodovia Regis Bittencourt começa a descer a serra. Dispõe de 4 casarões com varandas, lembrando aqueles de velhas fazendas, além de um chalé e outras construções de serviço. 

Os casarões, um tanto rústicos, mas muito acolhedores, com fogões de lenha e com possibilidade de se dormir também em colchões extras dispostos em mesaninos, alcançados por toscas escadas de eucalipto. 

Itereí ganhou notoriedade na imprensa e no meio jurídico por ter sido o motivo de uma ação propondo uma solução alternativa para o projeto de duplicação da rodovia naquele ponto, já que este originalmente previa uma segunda via distante da atual, pela parte alta dos morros, o que comprometeria sem dúvida diversos dos cursos d’água da região, além de expor áreas protegidas da mata primária à presença humana. Itereí ficaria ilhada entre as duas pistas da rodovia. A proposta alternativa prevê a duplicação ao lado do curso atual, em área já impactada. 

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Proposta criação da Estação Ecológica de Andrade Silva

Eucaliptos com vegetação nativa no sub-bosque
Por iniciativa do pesquisador Hideyo Aoki, responsável pela Floresta de Avaré, foi proposta ao Instituto Florestal do Estado de São Paulo, órgão da Secretaria do Meio Ambiente, a criação da Estação Ecológica de Andrade Silva, que resguardará componentes significativos da vegetação que originalmente ocorria em seu solo.

Cerrado em recuperação
O Horto Florestal de Andrade Silva, com uma área de 720,39 ha , foi criado pela Estrada de Ferro Sorocabana, para o plantio de espécies de eucalipto, para atender as necessidades madeireiras, principalmente peças de dormente e lenha para caldeira. Com a desativação de

sábado, 26 de agosto de 2006

Observando Aves em Dourado

Choca-Barrada
Visitamos nos dias 19 e 20 de agosto o município de Dourado, pela segunda vez, já que em 2004 lá estivemos.

Com essas duas visitas e com base num levantamento parcial publicado anteriormente para a área, em tese de mestrado, o Município totalizou 204 espécies de aves, sendo que em nossa última visita detectados131 destas.

Contamos em nossa visita com a companhia de nosso amigo Jony, morador de Dourado, e grande conhecedor da avifauna da região.

Dourado situa-se ao lado direito do vale do rio Jacaré-pepira, afluente do rio Tietê.

A paisagem é formada por matas semi-decíduas, especialmente nos topos dos morros, onde se vê nessa época as árvores completamente desfolhadas, e em alguns fragmentos maiores, onde foi preservada em propriedades particulares.

Também regiões de cerrado e a mata ciliar do rio Jacaré-pepira, bem preservada. Na agricultura predomina a cana-de-açúcar, cujo cultivo tem aumentado muito na região.

Em terras preparadas para o plantio de cana vimos a seriema, Cariama cristata, que parece se beneficiar de algum modo desse ambiente.

Há também pastos com gado, onde vimos a garça-vaqueira, Bubulcus ibis.

Nos trajetos, chamou-nos a atenção uma frequência significativa do tucanuçu, Ramphastos toco.
Bico-de-agulha-de-rabo-vermelho

Na cidade chamou-nos a atenção a presença de bandos do periquitão-maracanã, Aratinga leucophthalmus, visitando fruteiras nos quintais.

Canário-do-brejo
Outras espécies que nos chamaram a atenção nos percursos pela área rural foram a siricora-mirim, Laterallus viridis, que ouvimos numa região alagada da várzea do rio, o papagaio-verdadeiro, Amazona aestiva, a corujinha sapo, Megascops atricapilla, o joão-corta-pau, Caprimulgus rufus, o beija-flor-dourado-de-bico-curvo, Polytmus guainumbi, o balança-rabo-de-mascaras, Polioptila dumicola, o ameaçado sanhaço-de-coleira, Schistochlamys melanopis, este talvez o que mais provocou elogios por sua discreta beleza.

Vimos também o ameaçado canário-do-brejo, Emberizoides ypiranganus, que esteve ao nosso redor por bom tempo, permitindo relembrarmos ali mesmo alguns aspectos da discutida distinção em campo dessa espécie com seu primo e também ali simpático canário-do-campo, E. herbicola.

De longe pudemos observar o coleiro-do-brejo, Sporophila collaris, em seu típico ambiente de vida, no ponto exato de uma indicação prévia de onde poderia ser visto, de nosso bem informado Jony e um pouco mais à frente, na borda da mata, um curió, Sporophila angolensis.

Coleiro-do-brejo
Além destes, outros próprios de matas ciliares e do cerrado, como o bico-de-agulha-de-rabo-vermelho, Galbula ruficauda, o choro-boi, Taraba major, a choca-barrada, Thamnophilus doliatus, o arapaçu-do-cerrado, Lepidocolaptes angustirostris, o arredio-do-rio, Cranioleuca vulpina, que deu um “banho” no Carlos Gussoni, que não hesitou em atravessar o rio Jacaré-pepira para verificar um ninho dessa espécie, ainda pouco conhecido na literatura, o tachuri-campainha, Hemitriccus nidipendulus, a tesoura-do-brejo, Gubernetes yetapa, dando um show com seu display em dupla, a gralha-picaça, Cyanocorax chrysops, o garrinchão-de-barriga-vermelha, Thryothorus leucotis e, por fim, o cavalaria, Paroaria capitata.
Tesoura-do-brejo

Todos nós, até o “nativo” Jony, cuja companhia recomendamos a todos que forem "passarinhar" em Dourado, ampliamos em nossas listas pelo menos um lifer, mostrando, portanto, que a excursão foi extremamente proveitosa.

Com exceção de um pequeno incidente, em que Luiz Fernando foi vítima de uma reação alérgica pela picada de uma mutuca do gênero Chrysops, tudo correu em perfeita harmonia com a natureza que, apesar do atual interesse econômico pela ampliação das áreas agricultáveis, ainda guarda ali uma interessante amostra de nossa biodiversidade ornitológica.



Soldadinho

Texto: Luiz Fernando Figueiredo
Fotos: André De Lucca